sábado, 23 de abril de 2016

The ©lown

O palhaço.

Eu, sempre eu.

Eu e meu guardanapo. Eu e meu guarda-chuvas. Eu e meu girassol, no meu terno colorido, de sapatos exagerados e sorriso bobo.

Eu, sempre eu.

Que enxugo suas lágrimas. Que te protejo da chuva, que te presenteio, sempre bem vestido pra você, tentando te fazer sorrir, mesmo que isso custe minha dignidade.

Eu.

O palhaço.

Eu, que me preocupo demais e acabo fazendo planos para o futuro, quando tudo que você realmente precisa, é alguém que não vai te tratar bem, mas que serve para aquela hora.

Eu, sempre eu.

Que chora quando você chora, mas que chora ainda mais, quando você sorri. Porque seu sorriso pertence a outros sorrisos, nunca a este palhaço.

Eu e meu guardanapo amarelado, úmido. Eu e meu guarda-chuvas furado, enferrujado. Eu e meu girassol, caído, quase morto, no meu terno preto e branco, de sapatos furados e sorriso amarelado.

Eu, sempre eu.

Eu.

O palhaço.

No espetáculo da vida, só cumpro com meu papel.

De palhaço.

Rogerio Olanda. Débil e torpe. Cinza. Anulado.

Tão eu.

Tão... Meu. Mas nunca meu.

Só eu.

Eu.

E só.

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