domingo, 25 de março de 2012

Sem Título (19/03/2012 - 21:11)

Era uma vez um garoto. Careca, feio, sem perspectiva de mudanças, sem perspectiva de crescimento. Ele era tudo o que era, e por toda sua vida, isso bastou para que a felicidade estivesse ao seu lado. Tolo. Tolo. Mal ele sabia que um fato mudaria sua vida. Nada. O nada se tornou tudo, e ele percebeu que por toda sua vida foi um nada. Em seu círculo social ele era nada. Nada. Tão inútil quanto ele mesmo. Um nada.

Toda sua melancolia se transformou em lágrimas, e toda sua dor em marcas de idade em seu rosto. À partir deste momento, ele se tornou o que queria. Algo mais que nada, porém ninguém viu seu apelo. Ninguém ouviu seus urros de dor, ninguém ouviu a cachoeira que seu sangue formava naquela fatídica noite fria de São Paulo.

Sua vida, seus sonhos, sua luta, escorreram em um vermelho vívido por uma boca de lobo, levando suas memórias para o fundo do esgoto. Bem onde elas mereciam estar.

Assim nasceu, "viveu" e morreu. Só. "Um" nada.

Nota do Autor: Eu não gosto de postar meus textos sentimentais aqui, mas gostei tanto deste, ele realmente mostra o momento que eu me encontrava.

Boa Noite,

Rogerio Olanda