domingo, 10 de dezembro de 2023

O frio, a fome, o medo e a lição de vida

De tudo que fazemos, de tudo que falamos, de tudo que escolhemos e de tudo que omitimos, um pedacinho de nós fica pra trás. Estranho mesmo seria viver 30 anos do mesmo jeito. Não dos 0 aos 30, nem dos 10 aos 40, mas talvez entre os 25 e 55. Esse intervalo, esse maldito intervalo, é onde o coração escolhe se vai bater por um rosto ou por todos, por uma razão ou alguma. É quando temos um mero relance da vida e imaginamos que somos melhores que todos os demais que ou já passaram pelos nossos anos de vida, ou sequer chegaram lá ainda. Somos todos cheios de si.

O problema de ser cheio de si, mon coeur,  é que dentro de nós não temos coisas bonitas. Não temos sonhos. Sabe-se lá como, um dia, sequer vão provar que uma alma, nós temos. O que sabemos, cientificamente, é que dentro de nós temos uma mistura de vísceras, órgãos, gordura, água e merda. Muita, merda. Não somos belos, mas sim, o que fazemos nos torna belos.

Obviamente que a beleza visual é muito vaga, porém, o que é belo aos olhos comuns costuma possuir certa "unanimidade": Cores, formas, sabores, odores e desejos. Sim, o desejo tona tudo belo, oras. De que valeria o título de miss universo, se não para ser o desejo de homens e mulheres querendo ser como você? O desejo de um almoço específico, quando se está faminto, torna aquela experiência tão comum, de comer, em algo belo. Pessoas tornam obras cênicas belas, tal qual tecidos tornam costuras em belas peças, e o desejo de marca X ou Y faz seu preço subir. A raridade do ouro, que o torna tão precioso, tem certa beleza filosófica, uma vez que se imagina que o ouro jamais se tornará de uso corriqueiro do homem e mulher comuns. Enfim, a beleza (À beleza).

Diante de tudo isso, o que é realmente belo aos seus olhos? Quais belezas você tem refletido de si para o mundo? Suas palavras aos corações atentos que te conhecem tornam qualquer conversa numa verdadeira lição de vida, tamanho desejo de se compartilhar algo especial com quem tanto se ama.

Eu realmente deveria estar dormindo, mas sinto que a vida quer algo de mim hoje. Algo especial, algo belo, que ela deseja. Mas, o quê? Como saber o que o Universo deseja de belo desta pobre alma? Meu brilho é tão ínfimo e limitado diante da grandeza do Universo, mas nós somos escolhidos, diariamente, para repassar a nossa beleza, tão desejada pelo Universo. Não, você não contagia o Universo quando está num trabalho comum das 09:00 às 18:30, mas todos que você tocar, conviver ou simplesmente conhecer, podem ser contagiados pela sua beleza, esta mesma que o Universo anseia. Somos luz, brilhamos, e infelizmente algumas pessoas ainda escolhem o caminho da dor, solidão, raiva e coisas às quais nem darei lugar para aparecerem neste texto.

Entre uma partida e outra, meu pensamento se desfia com singela delicadeza quando penso:

"Se todas as palavras possíveis já foram escritas, então, é possível saber tudo que vai acontecer, basta juntar todas as palavras em todas as combinações. Estas combinações resultarão em frases, e estas frases, em coisas que vão acontecer na nossa vida, ou que já aconteceram. É possível prever o futuro desta forma? Sim e não. Sim, pois todas as combinações já foram escritas, porém, não, pois não é possível se escrever sobre o que ainda irá acontecer, pela pura simplicidade de que nosso livre arbítrio é, verdadeiramente, o que nos diferencia dos animais.

Perdi a mão.

O pé.

A mente.

A alma? Não... A alma, não.

Jamais.