quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Hoje em dia...

Olá.

Hoje em dia, meu combustível não é mais a raiva, tampouco o ódio. Eu mudei. Minha vida mudou.

Escuto Legião Urbana enquanto escrevo isso, depois de ler tantas e tantas palavras que eu mesmo escrevi, desde 2008. Praticamente 10 anos de sentimentos, traduzidos por algumas memórias e rascunhos jamais publicados. O que minha vida se tornou?

O melhor, dentre tantos piores.

O melhor que eu pude ser, o melhor que eu pude fazer, o melhor que eu poderia imaginar, com o pior que me foi dado, nos piores lugares e talvez até mesmo nas piores companhias. Não sou bom, apenas não sou o pior que poderia ser. Minha mente, hoje, já não parece tão fértil quando olho para trás, porém, parece mais consolidada: Sentimentos variáveis entre agudos e abismos se estabilizaram em ondas, apesar de amargas. Ondas que quebram em mim, e eu me encontro novamente, enquanto escrevo este texto e minha mente se abre novamente. Estou numa praia deserta, o dia está nebuloso e frio, mas é lá que minh'alma quer estar, no contexto fora de contexto, num lugar feliz que faz frio, onde tantos sorrisos são dados em períodos de férias e alguns lamentos acontecem diante de tragédias, onde a vida, a vida de verdade acontece.

Sou um pequeno mar. Não velejam em mim e não pescam, pois meus frutos são desconhecidos. Alguns podres, outros ainda nem descobertos, mas eu sou um pequeno mar. Pouco a pouco, percebo que me quebro numa praia, mas minha outra extremidade se estende até um oceano. 

Logo, já sou um oceano. Não possuo ilhas, porque soterrei aquilo que um dia foi plantado; porém, sou um ótimo retrato de fim de tarde.

Minha mente se expande mais ainda, e eu começo a imaginar como seria ter escolhido isto ou aquilo, naquele dia ou naquela semana. Me vejo em tantas realidades paralelas, em tantos locais e envolvidos em tantas situações, mas minh'alma não se aquieta, ó minh'alma. Por quê paramos?

Não sei dizer, mas o medo é como um trovão. Na minha própria imensidão, um trovão me assusta, e eu me limito. Não quero ter limites, quero ser o limite.

Ó, minh'alma, onde é que foi parar nossa vontade de crescer?

Já não sei. Tateio entre algumas teclas, mas as palavras já se foram; Agora resto eu, uma vertente do meu oceano, pensando em como seria ser terra firme.

Essa é a essência. 

Multiplicar para crescer; um pedaço de papel e uma chama no coração.

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Rogerio Olanda

Postado ao som de Legião Urbana - Tempo Perdido