terça-feira, 29 de abril de 2014

Mais uma de Amor

Olá!

Antes de tudo, gostaria de dizer que o texto à seguir foi escrito em tempos difíceis. Num passado recente, porém, não transmite meu atual sentimento, simplesmente o encontrei em alguns rascunhos antigos e quis transcrever para cá, afinal, aqui habitam minhas memórias, e seria injusto não o publicar. Seria inujustiça com o Rogerio Olanda do passado, pois sua história me inspira, e com o Rogerio Olanda do futuro, pois meu conhecimento ficaria perdido.

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Eu não aguento mais.

Mais uma vez, cheguei e ultrapassei o meu limite. Mais um dia eu fui capacho do destino, fui açoitado pelas consequências de minhas escolhas e permaneci sofrendo em silêncio. Como de costume, suturo meus cortes por conta própria, entre lágrimas e dentes estralando. Por que eu fiz isso de novo? Por que sou tão imbecil, tão burro ao ponto de achar que, algum dia, fui alguma coisa para alguém? Se eu já fui uma sombra, hoje sou restos. Sou mera poeira do passado, do tipo que não tem valor algum para ninguém, totalmente inútil e sem fim próprio. Vivo me esgueirando entre esquinas, com medo, sentindo que jamais vou ser capaz de encontrar a felicidade. Sinto como se, a cada passo que dou ao norte buscando a felicidade, minhas chances de êxito dão dois passos ao sul. Me sinto tonto, aéreo e enjoado, minha vida toda senti que algo estava errado comigo, mas hoje vejo que sou o próprio erro, sou tudo aquilo que sempre lutei contra. Não tenho mais forças. Me sinto mais fraco e impotente do que nunca. Nem todo o meu desejo de vitória, aquele que sempre me motivou, é capaz de reverter esta situação.

Cá estou novamente. Copo vazio, cabeça cheia. Procurando o sentido da vida, enquanto cutuco as minhas feridas emocionais para ver se ainda doem, e sim, estão bem vívidas em meu peito, num vermelho vibrante que desce ralo abaixo. Quanta beleza pode sair de um ser como eu? Nenhuma. Quantas lágrimas podem ser derramadas? Continuo me esvaindo, anseando, procurando, lutando, sobrevivendo dia após dia, mesmo que isso me mate quando deito, sozinho.

Rogerio Olanda. O fracasso que anda e fala. O morto que vive. Aquele que nadou contra os 7 mares, mas nunca soube que estava se afogando na areia.

Parece que tudo é demais e nada é suficiente. A rotina sufoca, e eu não tenho mais forças para lutar contra isso. Caio em desespero, meus pensamentos não se organizam e meu corpo desiste de vez. Cai, inútil, no limbo, mais uma vez. Não vê a hora desta merda toda acabar, de se ver finalmente livre da vida que leva, sempre na dificuldade, sempre na amargura. Quer ver como é "o lado de lá". Se sente ameaçado, acuado, com dores que não sabe explicar em lugares que nunca entendeu. Coração sangrando, cada vez mais, até a morte, que nunca chega. Tudo que busco é o alívio, o último suspiro, aquele que vai me libertar dessa vida maldita. O último salto. A última aposta. O desfalecer de tudo. O mundo negro.

O lado que eu pertenço.

Aquele em que todas as amarguras se concretizam, e finalmente, eu sei lidar.

Porque, só por hoje, eu não quero mais viver.

Não vale a pena.

Fui surpreendido por um pensamento imediatista, e tomei a decisão errada, mais uma para o currículo. Engraçado como sempre achei que fosse ser um "salvador", que eu seria a pessoa a mudar por um outro alguém. Hoje percebo que eu sou aquele que precisa de salvação, eu sou aquele que precisa de uma parceira compreensiva, e não o contrário. Minha vida não é e nunca será uma comédia romântica. Minha vida é árdua, é um drama que não sai do lugar, apesar de eu e você conhecermos o final.


Porque, repito, só por hoje, eu não quero mais viver.

Não vale a pena.

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Rogerio Olanda

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Promessas

Lembro que dentre as centenas de promessas que fiz junto a Deus, uma em especial sempre me comovia. Prometi que, quando encontrasse a mulher ideal (não perfeita, porque eu a estragaria, apenas a ideal), eu moveria mundos e fundos para não perdê-la, apesar de nunca a ter. Eu morreria todos os dias para ver um, apenas um sorriso em sua face, apesar de seu semblante ser sempre uma incógnita. Eu faria loucuras para ouvir suas gargalhadas, mesmo quando me tornasse surdo pela velhice. Eu correria milhares de quilômetros, apenas para sentir seu abraço mais uma vez, ainda que isso me esgotasse por completo. Eu cultivaria um jardim em sua homenagem, para que as flores me lembrassem de seu olhar. Eu faria uma pequena boa ação por dia, somente porque ter você comigo já é um ato humanitário para esta alma quebrantada. Eu... Eu não mereço um amor sincero. Não mereço o dom sagrado de compartilhar sentimentos. Eu tentaria, com todas as forças, me tornar alguém melhor, apenas por você.


Hoje, me pego divagando madrugadas inteiras pensando em formas de te surpreender e fazer do seu dia, o melhor dia. Anseio as horas que passo longe de ti.


Pobre de mim, que não mereço esse coração maravilhoso que tu possui. Pobre de mim, que permanece em exílio, porque não agüenta mais uma pancada. Meu coração pediu que eu me tornasse mais forte, pois mais um golpe poderia ser fatal, mas cá estou, escrevendo sobre o amor. O correspondido, aquele que nunca tive. Ironicamente, é aquele que sei dissertar como um engenheiro cria uma visão explodida do mais novo motor automobilístico.


Pobre de mim. Criando promessas sem fundamentos e sem futuro.


Pobre de mim.


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Rogerio Olanda

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O Guerreiro

Hoje troquei os travesseiros pela caminhada. Precisava pensar sobre algumas coisas, algumas pessoas e algumas atitudes.
Entre respostas tardias e teorias impressionantes, percebi que a vida sempre foi e sempre será uma batalha. Infelizmente, nem sempre escolhemos nossas armas ou nossos inimigos, porém, podemos (e devemos) escolher nossas estratégias e alianças. Todas as escolhas geram consequências, sejam positivas ou negativas. O bom guerreiro enfrenta a vida como ela é, busca apoio onde é querido, argumenta com os arrogantes e guia a matilha quando é preciso. Sabe pensar antes de agir, mas, sobretudo, sabe agir após pensar. O bom guerreiro tem fé na boa sorte, planta as boas sementes e compartilha as melhores safras com seus dependentes. É alguém completo: pensador, executor e político. Não enxerga problemas onde não existe, mas sempre está à busca de soluções para o ambiente em que está inserido.

Enfim, o bom guerreiro é aquele que luta, sem medir esforços, para evitar a guerra. Perde batalhas, mas deixa a sua marca por onde passa. É o espírito de vitória em tempos de desespero.

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Rogerio Olanda

sábado, 5 de abril de 2014

Preparados?

Acordo sem muita preocupação, pois os dias tem sido os mesmos, apesar do futuro parecer brilhante. Me olho no espelho, mais uma vez a mesma cara,  os mesmos traços indesejados, as olheiras profundas e o rosto inchado, recém acordado de um sono profundo. Tudo parece conspirar para o meu bem, finalmente. Foram 22 anos de lutas incessantes. Aprendi a conviver com as derrotas, com os ferimentos e com dores. A vida me fez assim, um soldado que sabe bem o seu dever, mas não sabia ao certo por quem lutava. O tempo passou, apesar de lento, e hoje, ao encarar esta conhecida face através de seu próprio reflexo, vejo mais. Vejo preparação, animo e entusiasmo, apesar dos dias serem pacatos em sua maioria, sem grandes novidades. Me pego sorrindo, as 05:00 da manhã de uma terça-feira. Sorrindo de felicidade, por mais imbecil que isso possa parecer. Me faltam palavras para descrever o sentimento que tenho carregado no peito: O início, finalmente o tão esperado início de felicidade na vida. As lágrimas se transformaram em sorrisos, as amarguras em felicidade, o peso sobre os ombros em motivação e tudo o que conspirava para minha queda, finalmente em apoio.


Se esta é apenas a minha preparação para a boa vida que tanto anseei e lutei para ter, Deus, me permita viver até os 100, porque cada segundo com estes sentimentos no meu peito fazem anos de desespero e tristeza cairem no esquecimento.


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Rogerio Olanda