sábado, 10 de maio de 2014

Sábado

Nada. Nada tenho, nada sou. Um saco vazio, com um punhado de dores e angústias. Mais uma rodada, por favor.

Questiono a Deus. Penso que dessa vez Ele errou, pois não tenho a força necessária para tocar essa vida, enfrentar esses obstáculos. Sou fraco. Sou burro. Deus, só Você sabe o que realmente se passa aqui dentro, o que eu penso e o que eu fiz. O Senhor é quem me acompanha, e sei que esse momento é passageiro, mas parece que tudo foi demais para mim. Cai no desespero, me deixei levar, e cá estou, deitado neste colchão fodido, ouvindo a chuva que começa a cair e lembrando de todos os tropeços que já tive na vida. Sempre superei obstáculos, sempre me adaptei a todas as situações que me foram impostas. Desviei de todas as balas que me foram alvejadas, e quando finalmente me encontro em abrigo, percebo que fui gravemente ferido. No peito. Já sem munição, ouço a cavalaria chegando. Artilharia pesada, e é o meu nome que eles gritam. Já sinto um frio na barriga, olho para os céus e oro pela chuva. Ela não vem. Os portões são arrebentados, e a procura começa. Me rendo, numa tentativa de viver, ou corro, mais uma vez, pra outra cidade? O tempo passa rápido, e meu suor atrapalha os pensamentos.

E o final dessa história, meus amigos, nem eu sei, pois ela ainda não foi escrita.

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Rogerio Olanda

terça-feira, 6 de maio de 2014

Um pouco de mim


Sórdido, inocente, débil, puro, frágil, resistente, macabro, irônico, imbecil e inteligente.

Estranho, misterioso, limpo e sorridente.

Feliz, infeliz, apressado e tranquilo.

Muito, pouco, quase nada.

Tudo isso, e mais um bocado de palavrões.

Sofrido, angustiado, burro, esperto, ligeiro e lento.

Fundamentado, simples, cru e equisito.

Querido, arrogante, brilhante e obscuro.

Engraçado, tolerante, ofensivo e carente.

Tímido, extravagante, frustrado e romântico.

O centro das atenções que você não quer ver, mas acaba se deixando levar pela curiosidade.

Mais um pouco de mim. Mas só um pouco!

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Rogerio Olanda

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Jundiaí

Entre uma luz e outra que vem cortando a avenida, ouço o apito do trem que chega, sem muita pressa. Canalizo minhas energias em você, todos meus pensamentos e força em tentar relembrar, ter vivido na minha mente teu olhar doce e sorriso meigo, sincero. Você jamais vai ser minha. Isso dói, pois você nem imagina do que eu sou capaz. Me sinto confiante, sempre preparado para pegar o celular e te fazer uma ligação, aquela que mudaria as nossas vidas. Mas eu penso, e penso demais. Penso em você, penso em mim, penso nos obstáculos e, meu amor, penso em nós. No quanto eu cederia por você. No quanto eu te celebraria, todos os dias. 

Teus carinhos nunca foram meus, tampouco meu nome levou tuas juras de amor. Teu toque, macio e quente, jamais sentirá as camadas de minha pele. Por maior que seja nossa luta, meu amor, entenda uma coisa: Você jamais será minha. E eu nunca serei teu por completo.

Porque estou a uma ligação de arriscar todos os meus gestos afetuosos que já lhe consagrei. Estou a uma ligação de abrir meu peito, e nunca mais te ver. Sei que você vai fugir de mim, e eu não te culpo. É mais forte que você, eu entendo. Sempre entendi, e sempre entenderei.

Feliz do homem que tem uma mulher forte ao seu lado, que enxerga seus sentimentos com tanta importância quanto os dela mesma. Feliz do homem que é rico sem ter um real no bolso.

Tolo de mim, por escrever estes textos floreados e belos sem ninguém para compartilhar.

Tolo.

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Rogerio Olanda