segunda-feira, 27 de julho de 2020

Mundo Chato

2020.

O ano em que percebi o quão chato o mundo se tornou, e eu sou parte disso.

Comecei a tomar um vinho, um amigo já fez 3 cursos e desdenhou do rótulo que amo.

Subi de ranking em um jogo de tiro, um colega já zerou o jogo 3 vezes e desdenhou da minha conquista tão tardia.

Voltei a jogar pôquer depois de tantos anos, e um artigo na internet me ensinou que jogos de carta já estão ultrapassados.

Anunciei uma promoção de cerveja numa rede social, comentaram logo abaixo um site vendendo por 30% mais barato do que a promoção.

Gostei muito de um par de tênis, mas fiquei sabendo que essa marca não está em alta (há anos).

Retomei uma série de TV apenas para descobrir que os spinoffs são muito melhores.

Fiz um prato diferente na minha cozinha, porém, um familiar já fez este e mais três outras variações do mesmo prato que ficaram muito melhores.

Afinal de contas, o que sobrou para mim? O que ainda não foi desbravado por estas mentes incríveis de nossos tempos modernos? Só o que é "novo" presta? Afinal de contas, me sinto muito novo para me sentir assim (ironia).

Um mundo chato pra caralho. Um bando de gente mesquinha correndo de lá pra cá para serem os melhores/as referências em coisas simples que não lhes dão mais prazer, e pasmem, ainda tiram o prazer da conquista alheia.

Comprei o meu vinho, joguei meu videogame, meu pôquer e comprei a minha maldita cerveja. Vou parcelar o tênis, assistir minha série no final de semana e cozinhar os mesmos pratos que me trazem alegria.

Esse mundo cinza, invejoso e desgraçado não se importa com você ou com seus sentimentos. Somos nós, eu e você, e muitas vezes, apenas eu ou apenas você, que iremos encontrar alguma satisfação em qualquer ato minúsculo que faça essa jornada valer a pena.

2020 é uma merda de ano.