sábado, 27 de novembro de 2021

Breve dissertação sobre felicidade

verbo
  1. 1.
    transitivo direto
    ver-se frente a frente com; deparar, achar.

  2. 2.
    transitivo direto
    passar a conhecer; descobrir, atinar.


Observe a definição do Google sobre o verbo encontrar (principalmente nas palavras que tomei a liberdade de grifar). Como alguém seria capaz de "achar" a sua própria felicidade? Impossível. 

Simplesmente impossível.

Em meus (quase) 30 anos de vida, aprendi que pouco importam o momento, a companhia ou o local, a felicidade é construída. Ela não nos encontra e tampouco o contrário acontece.

Pense comigo.

Somos capazes de desenvolver a felicidade, porém, essa é uma tarefa inconsciente. Esqueça os papos quânticos dos especialistas de coisa alguma do seu feed: Digo que, através de experiências, momentos, reflexões e situações adversas, entendi que a felicidade não é uma constância, mas sim, uma emoção, tal qual todas as demais que já conhecemos (raiva, ódio, tristeza, saudade, alegria, entre outras). Você consegue sentir raiva de algo absolutamente quando quer? Não. Você é capaz de ficar triste simplesmente porque assim quis, sem causa ou razão aparente? Não. Vou além: Alguém é capaz de se alegrar simplesmente porque colocou isso na cabeça? Absolutamente, não.

Acredito que o desenvolvimento da felicidade se dá a uma série de fatores (os quais são impossíveis de serem 100% mapeados), tais como: expectativa alcançada, antecipação superada, correspondência de emoções com outrem, satisfação monetária, receber uma grata surpresa, comprar algo que almejava a tanto tempo. Estes são exemplos de momentos que desenvolvem a felicidade em nossas vidas, ou seja, ninguém é capaz de fazer vários deles em um dia, quiçá em uma semana.

De maneira resumida... O que quero dizer é que quanto maior for a sua própria cobrança em ser feliz/agradecido o tempo todo, maior também será a sua insatisfação, pois se dará conta de tudo que ainda não tem ou não alcançou. 

Não "busque" a sua felicidade, aprenda a encontrá-la desenvolvê-la.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Ressignificado

"Ressignificar:

Ressignificar verbo transitivo que caracteriza a ação de atribuir um novo significado a algo ou alguém."


Segundo o dicionário, ressignificar é algo simples, trata-se do ato ou efeito que causa uma nova definição, porém, nós sabemos que ressignificar algo, apesar de ser um tema bastante recente e muito discutido, é algo infinitamente profundo.


Em minha humilde opinião e experiência, só é possível ressignificar algo através de duas formas: dor ou amor. Por mais literal que isso possa parecer, infelizmente, a ressignificação nunca é algo consciente, mas sim, sentimental. É impossível ressignificar algo sem que exista um "DNA de sentimentos".


Citando exemplos práticos.


Perdi um amigo que estava sempre no bar que eu frequentava na época da faculdade. Enquanto ele era vivo, o bar significava felicidade e encontro de amigos. Já fazem quase 10 anos que ele partiu, mas é simplesmente impossível passar na frente de um bar sem lembrar dele, das risadas, dos momentos.. Bum. Ressignificado pela dor.


Sempre gostei de assistir Masterchef, era algo rotineiro. Desde que passei a dividir o teto com minha amada, assistimos quase todas as temporadas juntos, inclusive as mais novas. Feito. Ressignificado pelo amor.


Decerto que, independentemente do seu momento de vida, dos seus sentimentos, muitas coisas já foram ressignificadas e muitas outras ainda serão no seu caminho, porém, permita-se SER ressignificado você mesmo, todos os dias, para que você não fique estacionado, assim como carro velho que um dia já teve propósito.


Com o perdão pelo neologismo, _ressignifique-se_ diariamente, pois essa é a única forma de se manter são.


21/11/2021 

sábado, 6 de novembro de 2021

Bacorejo

Quando eu escrevo, eu me descrevo, e isso é vivo. Não só é vivo, como é vívido e é vivido. É constante, é uma ameaça ao meu antigo estado e esperança para meu estado futuro. Mas, por enquanto, é apenas meu estado. Nunca fui líquido ou gasoso, mas me considero sólido (e vivo).

As emoções que vem são as mesmas que vão, e nessa dança-surda-muda-finita, me torno infinito. Não através da própria vida, mas através da vida que escrevo (e descrevo). Minha constância é a própria inconstância e a falta de regras é a única regra que me guia. Não ando fora da lei, pois sou homem simples, desses que gosta de um bom café passado. Não o meu café, pois esse já foi passado, mas vocês não entenderiam.

Meu apreço é por coisas sem preço, e o meu preço, bem, esse pode ser o seu apreço. Não quero aqui discutir se "A" vale mais do que "B", afinal de contas, tudo é uma questão de ponto de vista. 

Devaneio: Imagine a pobreza de alma daquele que tem olhos apenas para si mesmo. Maldito egoísta este, que, de tanto ter apenas olho para si, é o mesmo que não se enxerga. Veja bem, eu não paro por aqui: Se precisar de olhos, me enxergue, mas não seja cego ao ponto de ver apenas a si.

sábado, 6 de março de 2021

Composição Cafeeira

 Me sinto triste, abatido. Decepcionado com a pessoa que mais importa: eu mesmo. Saudades de tomar café passado, mas não esse que eu faço, um que eu nunca tomei. Saudades, de fato, de não ter responsabilidades e simplesmente provar o café. Não o meu, outro café.

A pior decepção é a auto decepção. Porque você vai olhar a sua decepção no espelho, sem poder desviar o olhar. Porque você vai ouvir as vozes cobradoras na própria mente. Porque você nunca esquece, você jamais esquecerá. Um breu no lugar do coração, os olhos fardos e pesados, aqueles olhos que um dia já foram ávidos, de brilho alaranjado quando sabia o que queria e como queria. Não pense mal de mim; entenda, a vontade ainda está aqui e eu ainda sei onde quero chegar e como quero chegar. O problema é que eu cansei. Estou cansado e isso não se parece com café. Pelo menos não com o café passado, desses que eu gosto.

Larguei meus projetos, minhas paixões, tudo aquilo que sempre amei fazer pelas responsabilidades da vida adulta. Ninguém me ensinou, ninguém me redigiu um manual ou um guia consultivo, tampouco tive um "empurrão" por parte dos pais: Um carro, uma ajuda na faculdade, uma indicação no primeiro emprego. Não quero bancar a vítima, tudo isso já está no passado, porém, as cicatrizes e as decepções se arrastarão amargamente até o fim dos meus breves dias nessa vida. Eu não quero morrer, eu quero um café. Desses passados na hora, mas não o meu café, esse eu estou cansado de tomar.

Escrever sobre a vida é como passar um bom café, desses que eu não sei fazer. Começa na seleção do grão a ser plantado, no seu tempo de cultivo, maturação do grão, sua torra, moagem e embalo. Até chegar nas nossas mãos, já irreconhecível, porém, com o DNA de tudo que trouxe consigo. Se a água não for aquecida adequadamente, tudo terá sido em vão e você só terá um café amargo e sem graça. Desses que eu não quero tomar. Eu quero tomar um café desses passados, um que não seja da minha responsabilidade.

Será que alguém entenderia? "Bom dia. Por favor, um café sem responsabilidade, desses que vocês fazem aqui, passado". "É que eu entendi que a vida é uma sucessão de responsabilidades infinitas até o nosso ciclo finito se encerrar. Pra viagem, por favor".

Quanto custa o seu café passado? Quanto custa o seu café pequeno?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Anomalias

 O choro, aquele sentido, já não existe mais. Talvez por falta de sofrimento; talvez pela experiência de tantos sofrimentos passados. A vida, agora cinza e insossa, também passa breve pelos olhos fartos e com grandes bolsas de insônia. O café passado nunca foi tão presente. Em risos breves, monotonias infinitas e conversas sem profundidade alguma, mais um ciclo se encerra para que outro possa ter início. Começar nunca foi o problema, tampouco, acabar. O real problema sempre foi se manter. Permanecer, se assim você preferir. Tantas pessoas ao redor com suas conquistas importantíssimas, tanto zelo em suas preparações e afinco em suas ambições, enquanto eu, esta minúscula parcela da sociedade acinzentada, observo com minha sobrancelha elevada e meio sorriso debochado.

Eu não consigo entender como vocês não entendem. Eu não era assim. Eu era como vocês. Eu já fui um de vocês. O que aconteceu comigo?

Amarguras já não são amargas, praticamente não tem gosto. Um cigarro aceso, a mais ou a menos, já tanto faz. Garçom, um copo de amor, por favor. O de sempre.

De segunda a segunda, ou, se preferir, de segunda a domingo, permanecemos abertos e pensativos. Aqui não é o típico lugar onde você irá encontrar companhia, apesar de sempre cheio. Não, aqui as mesas não são divididas e as comandas são individualizadas. No alto, uma placa que diz "|AQUI O SEU PROBLEMA NÃO É NOSSO - A GERENCIA|". Heh, um riso bobo. Aqui servimos a pior coisa do mundo: Solidão, acompanhada de pensamentos infinitos. Também temos tristeza infundada, mas essa já é prata da casa, é o nosso couvert e você irá consumir mesmo se não pagar. E, ah, você vai pagar por isso.

Saindo dali, será que realmente estive lá? Ou será que, aquele lugar, agora, permanece em mim? Difícil dizer. Existe poesia na tristeza que só um coração que já foi quebrado é capaz de enxergar. Meus pedaços, mesmo quando colados forçadamente, não me fazem inteiro. Eu nunca mais serei quem eu era e jamais chegarei perto de ser o que eu gostaria de ter sido. A vida já passou, e eu perdi o bonde. A minha janela de oportunidades foi trancada por mim mesmo, e as chaves, arremessadas de olhos fechados para não saber onde caíram.

Apelando licença poética, irei parafrasear o autor com um toque pessoal: É o fim do mundo todo dia ao pé da cama.


Feliz 2021.