Antes de tudo, gostaria de dizer que o texto à seguir foi escrito em tempos difíceis. Num passado recente, porém, não transmite meu atual sentimento, simplesmente o encontrei em alguns rascunhos antigos e quis transcrever para cá, afinal, aqui habitam minhas memórias, e seria injusto não o publicar. Seria inujustiça com o Rogerio Olanda do passado, pois sua história me inspira, e com o Rogerio Olanda do futuro, pois meu conhecimento ficaria perdido.
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Eu não aguento mais.
Mais uma vez, cheguei e ultrapassei o meu limite. Mais um dia eu fui capacho do destino, fui açoitado pelas consequências de minhas escolhas e permaneci sofrendo em silêncio. Como de costume, suturo meus cortes por conta própria, entre lágrimas e dentes estralando. Por que eu fiz isso de novo? Por que sou tão imbecil, tão burro ao ponto de achar que, algum dia, fui alguma coisa para alguém? Se eu já fui uma sombra, hoje sou restos. Sou mera poeira do passado, do tipo que não tem valor algum para ninguém, totalmente inútil e sem fim próprio. Vivo me esgueirando entre esquinas, com medo, sentindo que jamais vou ser capaz de encontrar a felicidade. Sinto como se, a cada passo que dou ao norte buscando a felicidade, minhas chances de êxito dão dois passos ao sul. Me sinto tonto, aéreo e enjoado, minha vida toda senti que algo estava errado comigo, mas hoje vejo que sou o próprio erro, sou tudo aquilo que sempre lutei contra. Não tenho mais forças. Me sinto mais fraco e impotente do que nunca. Nem todo o meu desejo de vitória, aquele que sempre me motivou, é capaz de reverter esta situação.
Cá estou novamente. Copo vazio, cabeça cheia. Procurando o sentido da vida, enquanto cutuco as minhas feridas emocionais para ver se ainda doem, e sim, estão bem vívidas em meu peito, num vermelho vibrante que desce ralo abaixo. Quanta beleza pode sair de um ser como eu? Nenhuma. Quantas lágrimas podem ser derramadas? Continuo me esvaindo, anseando, procurando, lutando, sobrevivendo dia após dia, mesmo que isso me mate quando deito, sozinho.
Rogerio Olanda. O fracasso que anda e fala. O morto que vive. Aquele que nadou contra os 7 mares, mas nunca soube que estava se afogando na areia.
Parece que tudo é demais e nada é suficiente. A rotina sufoca, e eu não tenho mais forças para lutar contra isso. Caio em desespero, meus pensamentos não se organizam e meu corpo desiste de vez. Cai, inútil, no limbo, mais uma vez. Não vê a hora desta merda toda acabar, de se ver finalmente livre da vida que leva, sempre na dificuldade, sempre na amargura. Quer ver como é "o lado de lá". Se sente ameaçado, acuado, com dores que não sabe explicar em lugares que nunca entendeu. Coração sangrando, cada vez mais, até a morte, que nunca chega. Tudo que busco é o alívio, o último suspiro, aquele que vai me libertar dessa vida maldita. O último salto. A última aposta. O desfalecer de tudo. O mundo negro.
O lado que eu pertenço.
Aquele em que todas as amarguras se concretizam, e finalmente, eu sei lidar.
Porque, só por hoje, eu não quero mais viver.
Não vale a pena.
Fui surpreendido por um pensamento imediatista, e tomei a decisão errada, mais uma para o currículo. Engraçado como sempre achei que fosse ser um "salvador", que eu seria a pessoa a mudar por um outro alguém. Hoje percebo que eu sou aquele que precisa de salvação, eu sou aquele que precisa de uma parceira compreensiva, e não o contrário. Minha vida não é e nunca será uma comédia romântica. Minha vida é árdua, é um drama que não sai do lugar, apesar de eu e você conhecermos o final.
Porque, repito, só por hoje, eu não quero mais viver.
Não vale a pena.
Não vale a pena.
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Rogerio Olanda
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